De regresso às minhas memórias e, já agora, a um carácter mais esotérico de que este blogue se tinha afastado nos últimos tempos, venho, hoje aqui - reparem na solenidade do discurso – descrever uma das minhas mais antigas crenças. A devoção à santa padroeira de Castelo Branco, a Nossa Senhora de Mércules!
Não julguem que sou uma criatura religiosa, pelo menos no sentido mais restrito do termo, porque apesar da educação católica com profissão de fé e crisma incluídos, a verdade é que essa fase foi-se esmorecendo e não sou neste momento praticante nem do catolicismo nem de outro “ismo” qualquer, com a excepção que confirma a regra do... Sportinguismo, claro! A minha devoção à santinha resulta de uma memória grata da minha infância… Na verdade a romaria e a festa de Nossa Sr.ª de Mércules devia marcar-me, não só porque é a romaria que se celebra na minha cidade todos os anos quinze dias após a Páscoa, mas, essencialmente, porque nasci numa terça-feira de Mércules, na 1.ª vez em que à celebração se aliou o feriado municipal! É caso para dizer que houve festa rija e fez-se feriado no dia do meu nascimento!
Mas não, a devoção resulta tão-somente de num já longínquo domingo de Sr.ª de Mércules dos inícios da década de 80, por lá se encontrar toda a família reunida à volta do recinto como mandava a tradição. Os adultos em redor do pic-nic e da romaria, as crianças dos carróceis, dos carrinhos de choque e do torrão… Toda? Não, nem toda. Ora o meu pai, tão lesto a festejar esta festa, resistia e não saia do seu Sinca 1100. E porquê? É que para além de tudo isso, o resto do nosso Portugal estava focado noutro evento: era domingo de Sporting – Benfica!
Assim que me apercebi desse facto, desloquei-me para perto do nosso carro. Eu, mais o meu irmão caçula levamos a bola de futebol a estrear connosco e ficamos à "coca" do relato que saia, agora num volume perceptível, do roufenho rádio do automóvel.
O meu pai sentado, com a porta aberta e as pernas para fora do carro a acompanhar com aparente atenção a jogatana que entretanto nós dois começáramos. Dir-se-ia que o relato que acompanhava era daquele duelo que o meu irmão, à baliza e eu, a avançado, protagonizávamos.
Às tantas o berro estridente do relator: “GOOOOLO” e nós largávamos tudo e corríamos desenfreadamente na direcção do clamor… “De quem foi, pai?” Ele sorria e deixava-nos ansiosamente na dúvida… Como se o seu sorriso não indiciasse já a resposta óbvia, que momentos depois finalmente chegava: “… GOLO DO SPORTING, MANUEL FERNANDES…” seguia-se a explosão de alegria e os festejos de dois autênticos leõezinhos à solta… Depois lá voltávamos ao nosso combate. Repetiu-se a correria por mais três vezes e só numa regressamos desapontados. Esgotaram-se os 90 minutos e com eles surgiu o resultado final de 3 a 1.
Resta dizer que na nossa peladinha particular o meu irmão era (contrariado) o frangueiro do Bento e eu o goleador Manuel Fernandes. Como sou mais velho é pois natural que o Galrinho tenha sofrido uma verdadeira hecatombe de golos e também ai o Sporting, clara e inequivocamente, saiu vencedor…
Mais tarde, quando seguia com maior atenção o fenómeno futebolístico, lembrei-me deste episódio e, como as coisas não corriam especialmente bem, adoptei uma imagem da Santa como amuleto…
São acontecimentos simples como estes que nos cunham de Sportinguismo e são recordações como estas que, por vezes, nos influem na superstição! Engraçado o futebol e tudo o que a ele associamos…
Assim sendo, caros amigos sportinguistas, esta tarde, em domingo de Sr.ª de Mércules, o meu prognóstico para o jogo que está praticamente a iniciar-se, só poderia ser este: 3 a 1 para o Sporting!
Não julguem que sou uma criatura religiosa, pelo menos no sentido mais restrito do termo, porque apesar da educação católica com profissão de fé e crisma incluídos, a verdade é que essa fase foi-se esmorecendo e não sou neste momento praticante nem do catolicismo nem de outro “ismo” qualquer, com a excepção que confirma a regra do... Sportinguismo, claro! A minha devoção à santinha resulta de uma memória grata da minha infância… Na verdade a romaria e a festa de Nossa Sr.ª de Mércules devia marcar-me, não só porque é a romaria que se celebra na minha cidade todos os anos quinze dias após a Páscoa, mas, essencialmente, porque nasci numa terça-feira de Mércules, na 1.ª vez em que à celebração se aliou o feriado municipal! É caso para dizer que houve festa rija e fez-se feriado no dia do meu nascimento!
Mas não, a devoção resulta tão-somente de num já longínquo domingo de Sr.ª de Mércules dos inícios da década de 80, por lá se encontrar toda a família reunida à volta do recinto como mandava a tradição. Os adultos em redor do pic-nic e da romaria, as crianças dos carróceis, dos carrinhos de choque e do torrão… Toda? Não, nem toda. Ora o meu pai, tão lesto a festejar esta festa, resistia e não saia do seu Sinca 1100. E porquê? É que para além de tudo isso, o resto do nosso Portugal estava focado noutro evento: era domingo de Sporting – Benfica!
Assim que me apercebi desse facto, desloquei-me para perto do nosso carro. Eu, mais o meu irmão caçula levamos a bola de futebol a estrear connosco e ficamos à "coca" do relato que saia, agora num volume perceptível, do roufenho rádio do automóvel.
O meu pai sentado, com a porta aberta e as pernas para fora do carro a acompanhar com aparente atenção a jogatana que entretanto nós dois começáramos. Dir-se-ia que o relato que acompanhava era daquele duelo que o meu irmão, à baliza e eu, a avançado, protagonizávamos.
Às tantas o berro estridente do relator: “GOOOOLO” e nós largávamos tudo e corríamos desenfreadamente na direcção do clamor… “De quem foi, pai?” Ele sorria e deixava-nos ansiosamente na dúvida… Como se o seu sorriso não indiciasse já a resposta óbvia, que momentos depois finalmente chegava: “… GOLO DO SPORTING, MANUEL FERNANDES…” seguia-se a explosão de alegria e os festejos de dois autênticos leõezinhos à solta… Depois lá voltávamos ao nosso combate. Repetiu-se a correria por mais três vezes e só numa regressamos desapontados. Esgotaram-se os 90 minutos e com eles surgiu o resultado final de 3 a 1.
Resta dizer que na nossa peladinha particular o meu irmão era (contrariado) o frangueiro do Bento e eu o goleador Manuel Fernandes. Como sou mais velho é pois natural que o Galrinho tenha sofrido uma verdadeira hecatombe de golos e também ai o Sporting, clara e inequivocamente, saiu vencedor…
Mais tarde, quando seguia com maior atenção o fenómeno futebolístico, lembrei-me deste episódio e, como as coisas não corriam especialmente bem, adoptei uma imagem da Santa como amuleto…
São acontecimentos simples como estes que nos cunham de Sportinguismo e são recordações como estas que, por vezes, nos influem na superstição! Engraçado o futebol e tudo o que a ele associamos…
Assim sendo, caros amigos sportinguistas, esta tarde, em domingo de Sr.ª de Mércules, o meu prognóstico para o jogo que está praticamente a iniciar-se, só poderia ser este: 3 a 1 para o Sporting!
"Ermida da N. Sr.ª de Mércules"
7 comentários:
Pois é amigo, como se diz... Recordar é viver... É sempre bom ouvir estas suas histórias, talvez pela sua qualidade de escrita, talvez pela sua vivência ou talvez por relatarem vivências únicas de Sportinguismo... E não admira que depois de um Domingo como esse, o amigo não seja um devoto de Sr.ª de Mercules...
Grande abraço amigo
"E não admira que depois de um Domingo como esse, o amigo não seja um devoto de Sr.ª de Mercules."
Domingo de Sr.ª de Mércules... E a vitória é limpinha e certinha, amigo Armando! Estou desconfiado que para além de gostar de chuva (outro elemento indispensável, pois é raro o ano em que não chove pelo menos num dos dias da festa)a Santa gosta mesmo é do Sporting!!!LOL! Só pode, não viu o milagre que aconteceu prás bandas do Bessa, hehe....
Só neste fim-de-semana ganhamos 9 pontos. os três do nosso jogo e seis aos nosso adversários. Espero que a influencia da Sr.ª de Mércules dure por um longo período...
Hoje é feriado em Castelo Branco, só que eu trabalho em Idanha-a-Nova, mas calhando ainda por lá passo para agradecer a adquirir um autocolante da Santa para trazer na carteira... hehe
SL!
é bom ter esse tipo de recordações,
é bom que sejam mais frequêntes essas ou outras relacionadas com o futebol...aparece mais vejes
Caro amigo,
Belos tempos, não tenho dúvidas. E a Nossa Senhora de Mércules parece que não se esqueceu de ti este fim de semana, abençoada seja!
ps: devias mostrar isto ao Scolari. Esta Santa parece ser muito mais jeitosa que a dele.
Abraço Leonino!
tudo mt bonito mas ha algo incorrecto neste post!!!! eu goleado????? eu ja nao me recordo mt bem, mas de certeza k ganhei ate pq tinha mt jeito pra baliza e durante algum tempo(era o mais novo e empurrado pra baliza k remedio) fiz esse papel e ate me chamavam Shummaker como o alemão por isso de certeza k nao foram assim tantos golos como o "manel" ai do post diz!! lol
Essa memória anda mesmo fraquinha, Zé...
Começaste como Bento e só mais tarde é que o pessoal lá na avenida te alcunhou de Shumacker. E podes agradecer cá ao mano velho que te obrigava a ir à baliza... Com o treino lá veio o jeito!
Foi realmente uma evolução tremenda, hehehe...
SL!
"Esta Santa parece ser muito mais jeitosa que a dele."
A Sr.ª de Mércoles goleia a do Caravaggio de certeza absoluta, lol!
Abraço, amigo!
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