terça-feira, 18 de agosto de 2009

Pessimismo

Ao colocar-me nesta posição: um optimista inveterado a pronunciar-se sobre o pessimismo entranhado no universo leonino, o mais certo é dar barraca. Admito que me falta experiência e saber para desempenhar tal papel, mas, se outros desempenham funções bem mais importantes com resultados sofríveis e vêem o respectivo comando hierárquico aclamarem-nos com termos elogiosos e promissores “forever’s”, resolvi arriscar.

O Empenho

Uma das críticas actualmente mais proferidas e/ou lidas pelos sportinguistas diz respeito à falta de empenho patenteada pelos jogadores do Sporting Clube de Portugal (SCP). Sinceramente, não considero que haja falta de empenho nem na esmagadora maioria dos jogadores do SCP, nem, já agora, na sua equipe técnica. Os jogadores correm, esforçam-se, quando não estão na posse da bola procuram-na, não se limitam a ver os adversários trocá-la pacificamente. O problema é a permanente e deficiente colocação da equipa, correm muito, mas correm mal e quando recuperam a bola, por mérito da pressão realizada ou após conclusão da jogada atacante da equipa adversária, o SCP não sabe o que fazer à bola…


A táctica

Os jogadores e a disposição que assumem no rectângulo de jogo, enquanto na posse da bola, parece transformá-los em autênticos bonecos de matraquilhos. Curiosamente até os dois auto-golos que se conseguiram nos três jogos oficiais realizados reflectem bem essa imagem do jogo do pingolim! Chamem-lhe desadaptação táctica, dinâmica, estratégica, o que quiserem, mas a realidade do futebol ofensivo leonino é a de que ninguém se desmarca, raramente aparece alguém a dar apoio ao colega, é raro o movimento de combinação colectiva. O futebol é feito aos repelões e por iniciativas individuais. Oportunidades de golo, essas, são mais raras de aparecer que o lince ibérico na serra da Malcata. Porquê? Estou convicto de que nem Paulo Bento (PB) o consegue, verdadeiramente, compreender, muto menos explicar…

Resumindo, noto muita gente a afirmar que o futebol do SCP é mais do mesmo… Mas não é. Hoje em dia, com a perda da solidez defensiva e as cada vez maiores dificuldades em criar lances de perigo, o SCP é o pior da era ‘Foreveriana’. Repare-se que um dos méritos que se atribuía a PB era a superior organização defensiva da equipa que orienta(va), mas, de há uns tempos para cá, é raro o SCP passar noventa minutos sem sofrer golos, muitas deles com repetição de erros que já têm barbas da cor do cabelo do nosso presidente. Já lá vão quatro anos e meio de PB e o futebol do SCP está, indubitavelmente, doente. E com tendência para piorar. Nisto concordo com o meu amigo LT, que defende que a cura deste mal terá mesmo que ser radical. Talvez seja mesmo, que me lembre e no que à qualidade de jogo diz respeito, o pior SCP de sempre.


O Contágio

Para piorar, os nossos dirigentes (JEB, Pedro Barbosa) diagnosticaram mal o sentimento que perpassa na nação leonina. Dizem que a depressão resulta das (inúmeras) contratações adversárias ou, precisamente, da sua ausência no sentido de enriquecimento do nosso plantel. Erro crasso que nos irrita e diminui… A depressão redunda em ver aquela-espécie-de-futebol praticado pela equipa do nosso coração. Somem-lhe as lições de sportinguismo na Comunicação Social de alguns sportinguistas e outros comentaristas, paineleiros e quejandos (forever alinhados com o poder), a falta de ambição de alguns, o manifesto conformismo de outros, os erros de discurso e atitude, e temos o caldinho entornado.

Desta forma, estranho seria, que o divisionismo e o pessimismo não dominasse as hostes no reino do Leão… Esse sentimento resulta do que nos entra violentamente e sem pedir licença, pelos olhos adentro. Uma situação que nos impele a desviar o olhar… Só um grande amor ao Sporting vence tamanha repulsa e não permite que o abandonemos, jamais!


O futuro

O futuro? Nestas circunstâncias resume-se ao próximo jogo… Cliché típico do futebol, mas que não deixa de ter a sua ponta de verdade. Com um cenário destes, com o péssimo futebol revelado, a inconsistência defensiva, a ausência de golos, a notória falta de confiança de jogadores, treinadores e adeptos, as estatísticas que apontam para seis jogos seguidos sem vitórias e, nos três oficiais, sem ninguém do nosso lado a marcar golos, o historial negativo das eliminatórias anteriores contra equipas transalpinas, digam-me, por favor, porque é que raio eu, ainda assim, estou convencido de que hoje o SCP vai dar uma cabazada numa Fiorentina, equipa italiana, representativa do futebol mais cínico e capaz de explorar as fraquezas alheias com uma efectividade mortífera?

Já afirmava Pascal que o “Amor tem razões que a própria razão desconhece”!

Eu não avisei que a minha prelecção de pessimismo ia dar barraca?…

1 comentário:

Tite disse...

Virgilio,

Escreves bem e bonito. Já te conheço o suficiente para reconhecer isso.
Hoje, porém, não tenho tempo para te ler.
Venho só dizer que estou com um "feeling" espectacular - vamos ganhar com golos marcados pelos nossos jogadores e de molde a garantirmos a passagem em Florença.

Como fiquei assim de repente, achei que tinha que partilhar.

Abraços verdes de esperança